O que sinto no meu coração só interessa a mim e a mais ninguém!
Será que isso está certo? Será que meus sentimentos, meus desejos e anseios devem estar encerrados para sempre no cofre do meu coração?
Quero conversar com você sobre o que vivemos publicamente e o que vivemos internamente. As pessoas dizem que tudo o que se faz na vida particular não interessa a ninguém. Na rua eu sou de um jeito, na Igreja de outro, no trabalho mais diferente ainda e na minha intimidade, outra pessoa.
Será que está certo dizer que aquilo que faço internamente não é da conta de ninguém? Todo aquele que tem uma vida espiritual logo percebe que aquilo que é mais pessoal, aquilo que é mais intimo acaba se tornando mais universal.
Parece um paradoxo, mas é a pura realidade, pois aquilo que é mais escondido, aquilo que está no nosso íntimo é o que é mais público. Aquilo que é mais solitário é o que está mais comum a todos. Aquilo que ocorre no mais íntimo do nosso ser, não só ocorre para nós, mas para todas as pessoas. Pois afinal nossas experiências íntimas não são de todo original.
O que penso, o que sinto, já foi pensado e sentido por outro. Aquilo que sentimos como solidão é solidão de todo o mundo, pois a solidão não é um privilégio de alguns. Aquilo que você sente no seu intimo, muita gente pode sentir. Pois os sentimentos, embora sendo inúmeros, se repetem no ser humano pela maravilhosa capacidade que tem de se comover diante da dor e da alegria, da sensibilidade de chorar e sorrir, de amar e acolher, de se entristecer e perdoar.
Tudo isso é muito comum naquele que foi criado à imagem e semelhança de Deus. É por isso que as nossas vidas íntimas são para os outros. Não me refiro a segredos, coisas que não devem ser faladas, mas da intimidade de viver o dia a dia. Por isso nossos pensamentos mais secretos acabam influenciando a sociedade. Aquilo que pensamos secretamente acaba se manifestando externamente em nós.
Jesus disse: Quando você acender uma lâmpada, não é para colocar debaixo da mesa, escondida, mas sobre uma luminária, para que possa brilhar para todo o mundo. A luz do seu coração, muitas vezes escondida em sentimentos e experiências vivenciadas por você deve brilhar para todos. Aquilo que você sente dentro de sua alma, o amor, respeito, o carinho, a raiva, a antipatia, a alegria e tristeza.
Enfim, tudo dever ser colocado para fora. Para mostrar verdadeiramente como você é e aquilo que você faz. Caso contrário, passaremos por hipócritas e fingidos. E mais: coisas que não são resolvidas e integradas acabam nos prejudicando no futuro, pois é como aquela panela de pressão que tapamos a válvula para o barulho não nos incomodar, acaba explodindo um dia. As vezes deixamos nossos problemas nessa panela de pressão e nem queremos ser incomodados pelo barulho que eles fazem em nossa alma - o fim não é muito bom.
Se o seu coração for generoso, que isso seja colocado para todo mundo ver e sentir. Se você passa por momentos de conflitos e tristeza, que isso seja partilhado para que o outro lhe ajude. A nossa vida não é para ser vivida de forma dupla. O que vivemos na vida íntima, vivemos para o mundo todo. O que vivemos no interior de nosso coração deve ser revelado a todos.
Pe. Juarez de Castro
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